A mãe e o padrasto presos pela morte da menina de 3 anos que foi encontrada enterrada em Indaial, no Vale do Itajaí, já tinham sido denunciados por maus-tratos e eram investigados pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) antes do assassinato, informou o órgão nesta quinta-feira (7).
Para despistar a polícia, o casal criou um cenário através de um sequestro forjado, mas foi flagrado por câmeras dispensando a mala usada para transportar o corpo da criança.
A criança tinha um irmão, mas nem Ministério Público e nem Polícia Civil informaram a idade dele. Também não esclareceram se os maus-tratos ocorriam contra os dois.
O procedimento, segundo o MP, foi instaurado em dezembro a partir de um relatório enviado pelo Conselho Tutelar. As denúncias que originaram a atuação da rede eram anônimas.
Investigação
Segundo o Ministério Público, o procedimento buscava reunir elementos mais concretos a respeito do contexto da família, em especial às suspeitas de maus-tratos, em parceria com o Conselho Tutelar e outros órgãos da rede de proteção, como o Centro de Referência de Assistência Social (Creas).
Os suspeitos, no entanto, segundo nota do MPSC, "vinham dificultando a apuração e o acompanhamento dos órgãos de proteção, chegaram até a mudar de endereço".
Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, o promotor Djônata Winte informou que o MP teve dificuldades para comprovar os crimes durante a apuração. Após o assassinato, o órgão pediu medida protetiva ao irmão da menina, e a solicitação foi aceita na noite de quarta (6), segundo o MP.
"Tivemos alguns problemas pela atitude do casal. Houve resistência de aderir às recomendações do Conselho Tutelar. A própria mudança de residência, que foi recente, há duas semanas, impossibilitou o contato da rede", informou.
Ocorrência
De acordo com o delegado Filipe Martins, os elementos analisados pela investigação até o momento levam a crer que mãe e padrasto agrediram a criança até a morte. O padrasto confessou ter iniciado o ataque "porque queria corrigir a criança".
"Ele narra que os dois agrediram a criança e, em determinado momento, ela [a menina] ficou sozinha com a genitora no quarto. Depois, ele volta para o quarto e [eles] a veem morta. Eles entram em desespero e tomam a decisão, em comum acordo, de se livrar do corpo", relatou.