O prefeito de Corupá, Luiz Carlos Tamanini (MDB), preso na Operação Mensageiro e que se tornou réu no caso, teria recebido R$ 504 mil de propinas de empresas envolvidas no caso de corrupção. Ele recebia o valor, na maioria das vezes, em sua própria casa. As informações constam na denúncia apresentada pelo Ministério Público e foram divulgadas no portal NSC Total.
De acordo com o portal NSC Total, o acordo começou em setembro de 2020, na sede da Serrana, em Joinville, antes mesmo de Tamanini ser eleito. O primeiro pagamento foi de R$ 15 mil em dinheiro. À época, o valor firmava um acordo para que, caso o candidato fosse eleito no pleito, favorecesse a empresa em licitações.
Já neste período o acordo se referia a processos licitatórios em serviços de limpeza, água e iluminação pública, o que - segundo o MP - tornava a cidade um território estratégico nos planos da organização criminosa. Após ser eleito, em janeiro de 2021, Tamanini teria se encontrado com o dono da empresa e passou a receber R$ 21 mil por mês de propina.
Conforme a reportagem do portal NSC Total, o montante era divido em R$ 10 mil para contratos nos serviços de água, R$ 7 mil nos da coleta de lixo, R$ 3 mil para iluminação e mais R$ 1 mil para o de varrição. O prefeito de Corupá recebeu o valor em pelo menos sete vezes, entre janeiro de 2021 e novembro de 2022.
Em um dos pagamentos, feito em fevereiro de 2021, o prefeito recebeu o dinheiro dentro de um envelope. O encontro foi programado por telefone e WhatsApp. Na casa do político, a Operação Mensageiro chegou a encontrar R$ 60 mil escondidos em uma caixa de notebook.
Pagamento feito pela janela do carro
Em julho de 2022, o dono da empresa Serrana pediu um acordo com Tamanini para interromper temporariamente os pagamentos por suspeita de que estariam sendo monitorados, o que foi acatado pelo prefeito. Em outubro, porém, o político teria ido até a Serrana solicitar o retorno das propinas, já que estaria com dificuldades para pagar despesas.
Segundo o portal NSC Total, o novo encontro aconteceu em novembro, às 12h, na "Rodovia do Arroz", em Joinville. Tamanini e o dono da Serrana foram até o local com carros próprios. Lá, após rápida interação, o prefeito recebeu uma sacola com dinheiro pela janela do veículo. O valor era referente aos meses de julho a dezembro daquele ano, já que o político teria recebido um adiantamento.
Durante o período de pagamento da propina, outros denunciados auxiliaram fazendo notas fiscais "frias", que falsificavam a aquisição de produtos e serviços para que os fornecedores devolvessem o valor à Serrana.
Procurada pela reportagem da NSC Total, a defesa diz que "respeita a decisão, mas discorda dos fundamentos adotados". E que "entende que não há elementos mínimos para o prosseguimento da ação e que adotará as medidas cabíveis".
Outros presos se tornam réus
Ao menos 13 prefeitos já são réus na Operação Mensageiro, que investiga a fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro no setor de coleta e destinação de lixo em diversas regiões de Santa Catarina. Nesta quinta-feira (27), outros cinco chefes do Executivo tiveram as denúncias aceitas pela 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC).
Desde o início da ação, que ocorreu em dezembro de 2022, 16 prefeitos foram detidos. Desses, 13 já são réus no processo, enquanto quatro aguardam a análise das denúncias por parte do TJ-SC.
Fonte: NSC Total